O eio pela história de Belém pode se encerrar no Mercado Ver-o-Peso, o cartão-postal mais famoso da cidade, que está sendo restaurado para a COP30. O mercado de ferro é uma experiência intensa para o turista: com 25 m² de área, tem um pouco de tudo: de peixes a farinhas, de artesanato a cheiros, de castanha a frutas. É um verdadeiro caos a céu aberto, com restaurantes populares servindo peixe, cachaça e açaí, em uma mistura de aromas e maresia que atordoa os sentidos. 

Tombado em 2012 pelo Iphan, o antigo entreposto de mercadorias no rio Guamá era o local onde se pesavam as mercadorias que chegam à cidade, daí o nome Ver-o-Peso. O conjunto de prédios tombados é formado pelo mercado do peixe, com cerca de 60 peixarias e sete estações de camarão, e centenas de barracas ao ar livre distribuídas por 16 setores. Como todo mercado, tem seus perigos, como golpes e assaltos.

Antônio da Cruz Araújo exibe o filhote, um dos peixes mais saborosos da Amazônia - Foto: Paulo Campos

É importante percorrê-lo, no entanto, sem conceitos preestabelecidos de higiene, mas disposto a conversar com gente humilde, como o pescador Antônio da Cruz Araújo. Ele tem sua barraca de peixes no Ver-o-Peso há 50 anos. Ele vende o filhote, peixe saboroso da Amazônia, que vem de Soure, na ilha do Marajó. Um quilo de filhote custa R$ 30. “O filhote é popular porque é muito utilizado em caldeirada”, conta. Já Simone de Souza fez extensa clientela com os cheiros do Pará. Para quem acredita, claro: tem cheiros com nomes engraçados, como “Amansa Patrão”, “Xoxota Perigosa”, “Laça o Amor” e “a Concurso”. De madrugada, baldes de açaí chegam ao Ver-o-Peso para abastecer os restaurantes. 

Estação das Docas segue a tendência de regiões portuárias de cidades do mundo que foram revitalizadas - Foto: Paulo Campos

Se você seguir o bulevar Castilhos França, vai chegar à Estação das Docas, os armazéns do porto transformados em point gastronômico. O local tem diversos restaurantes para apreciar a típica culinária paraense, como o Amazon Beer, comprar um artesanato feito com fibras de miriri, jupati, guarumã ou tucumã, como Tapuia e Marajá, ou tomar um sorvete preparado com frutas locais.

É uma boa chance de você comprovar se a sorveteria Cairu (Instagram / @sorveteriacairu) mereceu ser incluída na lista das 50 melhores do mundo pelo Festival Mundial do Gelato, na Itália, em uma honrosa 32ª colocação. Experimente os sorvetes de açaí, cupuaçu, bacuri ou tapioca ao custo de R$ 17 (uma bola) e R$ 33 (duas bolas).

Mangal das Garças, um parque zoobotânico às margens do rio Guamá - Foto: Paulo Campos

Dali, depois de tirar suas selfies no calçadão, pegue uma condução até o Mangal das Garças (Instagram / @mangaldasgarças), o parque zoobotânico que desenvolve projetos de pesquisa científica, educação ambiental e conservação da fauna e flora. O local tem um farol de 47 m – na época da minha visita estava fechado por tapumes –, uma arela de 200 m sobre uma a várzea com vista para o rio Guamá, um pequeno museu dedicado à navegação amazônica, lagos com garças (elas dão as caras algum momento do dia) e um borboletário. 

A melhor experiência dali está no edifício: o restaurante Manjar das Garças (Instagram / @manjardasgarcasoficial), onde se desfruta de um belíssimo bufê regional a apenas R$ 27 o quilo. Além do Mangal das Garças, o Parque Estadual do Utinga, a maior área verde da cidade, oferece trilhas para serem percorridas de bike (aluguel a R$ 15 uma hora), eio de caiaque, stand-up paddle, boia-cross, tirolesa, rapel positivo e rapel na torre a partir de R$ 20.