Um avião da Air India que transportava 242 pessoas caiu em uma área residencial minutos após decolar em Ahmedabad, nesta quinta-feira (12) - o pior desastre aéreo do mundo em uma década. O avião estava a caminho do aeroporto Gatwick, em Londres, no Reino Unido. Segundo a polícia, mais de 290 pessoas morreram e ao menos 41 pessoas estão feridas. Entre os mortos estão pelo menos cinco estudantes de medicina que estavam no refeitório de um alojamento universitário que foi atingido na queda, de acordo com a reitora da B.J. Medical College, Minakshi Parikh.
Em um primeiro momento, o chefe da polícia local, G.S. Malik, afirmou que parecia não haver sobreviventes no local. "O avião caiu em um bairro residencial, no qual há alguns escritórios. O acidente causou ainda mais vítimas", afirmou a autoridade à reportagem.
Posteriormente, no entanto, Malik afirmou à agência de notícias indiana ANI que um sobrevivente do assento 11A foi encontrado. "Ele está hospitalizado e em tratamento. Ainda não é possível informar o número de mortes", afirmou.
Segundo Dhananjay Dwivedi, secretário de Saúde de Gujarate, estado onde ocorreu o acidente, parentes das possíveis vítimas foram instruídas a fornecer amostras de DNA para identificar os mortos.
As mais de 240 pessoas a bordo incluíam 217 adultos, 11 crianças e dois bebês, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Reuters. De acordo com a Air India, eram 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense. Havia ainda dois pilotos e dez tripulantes na aeronave.
Na lista de mortos está o político Vijay Rupani. Ele foi governador de Gujarat entre 2016 e 2021, cargo ocupado também pelo atual premiê indiano, Narendra Modi, entre 2001 e 2014.
"Neste momento, estamos apurando os detalhes e compartilharemos atualizações adicionais", disse a Air India na rede social X. Segundo o site de rastreamento de aviação Flightradar24, o avião era um Boeing 787-8 Dreamliner, uma das aeronaves de ageiros mais modernas atualmente.
O acidente ocorreu quando a aeronave estava ganhando altitude. Uma emissora mostrou o avião decolando sobre uma área residencial e, depois, desaparecendo da tela antes de uma enorme nuvem de fogo subir acima das casas.
De acordo com o controle de tráfego aéreo do aeroporto de Ahmedabad, cidade no oeste da Índia, a aeronave partiu às 13h39 locais (5h09 no Brasil) da pista 23. Emitiu um chamado "Mayday", sinalizando uma emergência, mas depois não houve mais resposta da aeronave. O Flightradar24 também informou que recebeu o último sinal da aeronave segundos após a decolagem.
Trata-se do primeiro acidente com o modelo, que começou a voar comercialmente em 2011, de acordo com o banco de dados da Aviation Safety Network. O avião que caiu nesta quinta voou pela primeira vez em 2013 e foi entregue à Air India em janeiro de 2014, segundo o Flightradar24.
No local, o cenário é de caos. Imagens mostram destroços em chamas, uma espessa fumaça preta próxima ao aeroporto e pessoas sendo transportadas em macas e levadas em ambulâncias. O prédio do alojamento atingido pela universidade ficou com pedaços da cauda e da fuselagem da aeronave saindo da construção.
"Minha cunhada estava indo para Londres. Em uma hora, recebi a notícia de que o avião havia caído", disse Poonam Patel à ANI no hospital governamental de Ahmedabad. Ramila, mãe de um estudante da faculdade de medicina, disse à agência que seu filho tinha ido ao alojamento para o intervalo do almoço quando o avião caiu. "Meu filho está seguro, e eu falei com ele. Ele pulou do segundo andar, por isso sofreu alguns ferimentos", afirmou.
O acidente deve se tornar o pior no país ao menos desde 1996, quando um Boeing 747 da Saudi Arabian Airlines e um Ilyushin Il-76 da Kazakhstan Airlines colidiram sobre Charkhi Dadri, cidade a pouco mais de 100 quilômetros de Nova Déli. As 349 pessoas a bordo das duas aeronaves morreram - a colisão aérea mais mortal da história e o terceiro pior acidente envolvendo um avião do mundo.
Anteriormente, em junho de 1985, um voo da Air India que saía de Montreal para o país asiático, com escala prevista em Londres, foi interrompido por uma explosão na costa da Irlanda, matando todas as 329 pessoas que estavam na aeronave. O acidente foi causado por uma bomba plantada provavelmente por separatistas canadenses da minoria religiosa indiana sikh.
Mais recentemente, um Boeing 737 da Air India Express derrapou na pista na cidade de Kozhikode, no sul do país, durante uma forte chuva, mergulhou em um vale e colidiu de frente com o solo. O acidente matou 18 pessoas e feriu gravemente 16. Já em maio de 2010, outro Boeing 737 da Air India proveniente de Dubai ultraou a pista no aeroporto de Mangaluru, também no sul, e caiu em uma ravina, matando 158 pessoas a bordo.
O presidente da companhia aérea, Natarajan Chandrasekaran, lamentou o acidente em um comunicado. "Nossos pensamentos e profundas condolências estão com as famílias e entes queridos de todos os afetados por este evento devastador", afirmou. Segundo o executivo, foram ativados um centro de emergência e uma equipe de apoio para atender às famílias que buscam informações.
A Boeing não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, e autoridades de ambos os países com mais ageiros na aeronave, Índia e Reino Unido, se manifestaram.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi afirmou que o acidente é "de partir o coração, indescritível". "Neste momento de tristeza, meus pensamentos estão com todos os afetados. Mantenho contato com ministros e autoridades que estão trabalhando para ajudar os afetados", escreveu no X.
Já o premiê do Reino Unido, Keir Starmer, disse que as cenas eram devastadoras. "Estou sendo mantido atualizado conforme a situação se desenvolve, e meus pensamentos estão com os ageiros e suas famílias neste momento profundamente angustiante", afirmou.
O rei Charles 3º afirmou que ele e sua esposa, a rainha Camilla, ficaram em choque. "Gostaria de prestar uma homenagem especial aos esforços heroicos dos serviços de emergência e a todos aqueles que prestaram ajuda e apoio neste momento tão doloroso e traumático", disse o monarca.
Após o acidente, o aeroporto de Ahmedabad suspendeu temporariamente todas as operações de voo e, horas depois, retomou parcialmente as operações.
O último acidente aéreo fatal na Índia foi em 2020 e envolveu a Air India Express, o braço de baixo custo da companhia aérea. O Boeing-737 da companhia aérea ultraou uma pista no Aeroporto Internacional de Kozhikode, no sul do país. O avião derrapou, mergulhando em um vale e colidindo com o solo. Vinte e uma pessoas morreram nesse acidente.
A Air India, anteriormente estatal, foi assumida pelo conglomerado indiano Tata Group em 2022 e fundida com a Vistara - uma t venture entre o grupo e a Singapore Airlines- em 2024.